sábado, 3 de dezembro de 2011

Prosa Patética

Nunca fui de ter inveja, mas de uns tempos pra cá tenho tido.

As mãos dadas dos amantes tem me tirado o sono.

Ontem, desejei com toda força ser a moça do supermercado.

Aquela que fala do namorado com tanta ternura.

Mesmo das brigas ando tendo inveja.

Meu vizinho gritando com a mulher, na casa cheia de crianças,

sempre querendo, querendo.

Me disseram que solidão é sina e é pra sempre.

Confesso que gosto do espaço que é ser sozinho.

Essa extensão, largura, páramo, planura, planície, região.

No entanto, a soma das horas acorda sempre a lembrança

do hálito quente do outro. A voz, o viço.

Hoje andei como louca, quis gritar com a solidão,

expulsar de mim essa Nossa senhora ciumenta.

Madona sedenta de versos. Mas tive medo.

Medo de que ao sair levasse a imensidão onde me deito.

Ausência de espelhos que dissolve a falta, a fraqueza, a preguiça.

E me faz vento, pedra, desembocadura, abotoadura e silêncio.

Tive medo de perder o estado de verso e vácuo,

onde tudo é grave e único. E me mantive quieta e muda.

E mais do que nunca tive inveja.

Invejei quem tem vida reta, quem não é poeta

nem pensa essas coisas. Quem simplesmente ama e é amado.

E lê jornal domingo. Come pudim de leite e doce de abóbora.

A mulher que engravida porque gosta de criança.

Pra mim tudo encerra a gravidade prolixa das palavras: madrugada, mãe, ônibus, olhos, desabrocham em camadas de sentido,

e ressoam como gongos ou sinos de igreja em meus ouvidos.

Escorro entre palavras, como quem navega um barco sem remo.

Um fluxo de líquidos. Um côncavo silêncio.

Clarice diz, que sua função é cuidar do mundo.

E eu, que não sou Clarice nem nada, fui mal forjada,

não tenho bons modos nem berço.

Que escrevo num tempo onde tudo já foi falado, cantado, escrito.

O que o silêncio pode me dizer que já não tenha sido dito?

Eu, cuja única função é lavar palavra suja,

nesse fim de século sem certeza?

Eu quero que a solidão me esqueça.


Viviane Mosé

sábado, 26 de novembro de 2011

Acontece que entre o ainda-não-é-hora e nossa-hora-chegou, muita gente se perde. Não se perca, viu?

Caio F. Abreu

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Para que serve a utopia?

A utopia está no horizonte e sei muito bem que nunca a alcançarei, que se eu caminho dez passos, ele se distanciará dez passos. Quanto mais a buscar, menos a encontrarei porque ela vai se distanciando quanto mais me aproximo. Pois a utopia serve para isso, para caminhar.

O direito ao delírio

Que tal se delirarmos por um tempinho
Que tal fixarmos nossos olhos mais além da infâmia
Para imaginar outro mundo possível?

O ar estará mais limpo de todo o veneno que
Não provenha dos medos humanos e das humanas paixões.

Nas ruas, os carros serão esmagados pelos cães.
As pessoas não serão dirigidas pelos carros
Nem serão programadas pelo computador.
Nem serão compradas pelos supermercados
Nem serão assistidas pela TV,
A TV deixará de ser o membro mais importante da família,
Será tratada como um ferro de passar roupa
Ou uma máquina de lavar.

Será incorporado aos códigos penais
O crime da estupidez para aqueles que a cometem
Por viver só para ter o que ganhar
Ao invés de viver simplesmente
Como canta o pássaro em saber que canta
E como brinca a criança sem saber que brinca.

Em nenhum país serão presos os jovens
Que se recusem ao serviço militar
Senão aqueles que queiram servi-lo.
Ninguém viverá para trabalhar.
Mas todos trabalharemos para viver.

Os economistas não chamarão mais
De nível de vida o nível de consumo
E nem chamarão a qualidade de vida
A quantidade de coisas.

Os cozinheiros não mais acreditarão
que as lagostas gostam de ser fervidas vivas.
Os historiadores não acreditarão que os países adoram ser invadidos.
Os políticos não acreditarão que os pobres
Se encantam em comer promessas.

A solenidade deixará de acreditar que é uma virtude,
E ninguém, ninguém levará a sério alguém que não seja capaz de rir de si mesmo.

A morte e o dinheiro perderão seus mágicos poderes
E nem por falecimento e nem por fortuna
Se tornará o canalha em virtuoso cavalheiro.

A comida não será uma mercadoria
Nem a comunicação um negócio
Porque a comida e a comunicação são direitos humanos.
Ninguém morrerá de fome
Porque ninguém morrerá de indigestão.

As crianças de rua não serão tratadas como se fossem lixo
Porque não existirão crianças de rua.
As crianças ricas não serão como se fossem dinheiro
Porque não haverá crianças ricas.

A educação não será privilégio daqueles que podem pagá-la
E a polícia não será a maldição daqueles que podem comprá-la

A justiça e a liberdade, irmãs siamesas
Condenadas a viver separadas
Voltarão a juntar-se, bem agarradinhas,
Costas com costas.

Na Argentina, as loucas da Plaza de Mayo
Serão um exemplo de saúde mental
Porque elas se negaram a esquecer
Os tempos da amnésia obrigatória.

A Santa Madre Igreja corrigirá
Algumas erratas das Taboas de Moisés,
E o sexto mandamento mandará festejar o corpo.
A Igreja ditará outro mandamento que Deus havia esquecido:
“ Amarás a natureza, da qual fazes parte”

Serão reflorestados os desertos do mundo
E os desertos da alma
Os desesperados serão esperados
E os perdidos serão encontrados
Porque eles são os que se desesperaram por muito esperar
E eles se perderam por tanto buscar.

Seremos compatriotas e contemporâneos
De todos o que tenham
A vontade de beleza e vontade de justiça
Tenham nascido quando tenham nascido
Tenham vivido onde tenham vivido
Sem importarem nem um pouquinho
As fronteiras do mapa e do tempo.

Seremos imperfeitos
Porque a perfeição continuará sendo o aborrecido privilégios dos deuses
Mas neste mundo, trapalhão e fodido,
Seremos capazes
De viver cada dia como se fosse o primeiro
E cada noite como se fosse a última.


Eduardo Galeano


sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Desencanto

Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
Eu faço versos como quem morre.

Manuel Bandeira

domingo, 30 de outubro de 2011

Quem não tem namorado é alguém que tirou férias não remuneradas de si
mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namoradode verdade é muito raro. Necessita de adivinhaçao, de pele, de saliva,lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia.Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil.Mas namorado, mesmo, é muito difícil.Namorado não precisa ser o mais bonito, mas aquele a quem se querproteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio e quasedesmaia pedindo proteçao. A proteçao dele não precisa ser parruda,decidida, ou bandoleira: basta um olhar de compreensao ou mesmo deafliçao.Quem não tem namorado não é quem não tem um amor: é quem não sabe ogosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, umenvolvimento e dois amantes, mesmo assim pode não ter namorado.Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema sessão das duas,medo do pai, sanduíche de padaria ou drible no trabalho. Não temnamorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virarsorvete ou lagartixa e quem ama sem alegria. Não tem namorado quem fazpactos de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com afelicidade ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de durar.Não tem namorado quem não sabe o valor de mãos dadas; de carinhoescondido na hora que passa o filme; de flor catada no muro e entreguede repente; de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou ChicoBuarque lida bem devagar; de gargalhada quando fala junto ou descobre ameia rasgada; de ânsia de viajar junto para a Escócia ou mesmo de metrô,bonde, nuvem, cavalo alado, tapete mágico ou foguete interplanetário.Não tem namorado quem não gosta de dormir agarrado, fazer sestaabraçado, fazer compra junto. Não tem namorado quem não gosta de falardo próprio amor, nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outrodentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez do amor. Nãotem namorado quem não redescobre a criança própria e a do amado e saicom ela para parques, fliperamas, beira d'água, show do MiltonNascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical no Metro.Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedicalivros, quem não recorta artigos, quem não chateia com o fato de o seubem ser paquerado. Não tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta semcurtir; quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu ogosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada oumeio-dia de sol em plena praia cheia de rivais. Não tem namorado quemama sem se dedicar; quem namora sem brincar; quem vive cheio deobrigaçoes; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele. Não temnamorado quem confunde solidão com ficar sozinho. Não tem namorado quemnão fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.Se você nao tem namorado porque nao descobriu que o amor é alegre e vocêvive pesando duzentos quilos de grilos e medos, ponha a saia mais leve,aquela de chita e passeie de maos dadas com o ar.Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricçõesde esperança. De alma escovada e coraçao estouvado, saia do quintal desi mesmo e descubra o próprio jardim.Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de suajanela.Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos defada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céudescesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falantea dizer frases sutis e palavras de galanteria.Se você não tem namorado é porque ainda nao enlouqueceu aquele pouquinhonecessário a fazer a vida parar e de repente começar a fazer sentido.

Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

It was one of those days when it's a minute away from snowing and there's this electricity in the air, you can almost hear it. And this bag was, like, dancing with me. Like a little kid begging me to play with it. For fifteen minutes. And that's the day I knew there was this entire life behind things, and... this incredibly benevolent force, that wanted me to know there was no reason to be afraid, ever. Video's a poor excuse, I know. But it helps me remember... and I need to remember... Sometimes there's so much beauty in the world I feel like I can't take it, like my heart's going to cave in.

American Beauty

domingo, 31 de julho de 2011

Quando o amor é distração

É legal se apaixonar quando tudo mais está errado?

Depois de algum tempo, que varia de pessoa para pessoa, é inevitável que a gente tenha a sensação que já fez de tudo e que a vida – aquela de todos os dias, ano após ano - está se repetindo. Quando eu tinha 17 anos, um dos meus melhores amigos, um ano apenas mais velho do que eu, decidiu se casar. Durante a conversa que tivemos sobre isso, argumentei que a decisão era pra lá de precoce, mas ele respondeu, cheio de si: “Eu sinto que já fiz de tudo.”

Os tempos mudam, mas algumas coisas permanecem.

Nos anos 70, quando essa conversa aconteceu, havia pressa entre os garotos em tornar-se homens. Para alguns, como esse amigo, mais conservadores, isso se dava por meio do casamento. Você provava ao mundo e a si mesmo que havia crescido ao entrar na igreja e ter um filho, preferencialmente com um intervalo de alguns meses entre uma coisa e outra.

Hoje em dia talvez seja o contrário. Há uma determinação coletiva em esticar a adolescência além do limite razoável. A sensação predominante, aquilo que alguns chamam de espírito do tempo, é que nós todos viveremos como Oscar Niemeyer ou Domingos de Oliveira. Talvez mesmo como Matusalém, aquele personagem bíblico que bateu sandálias aos 969 anos. Com frequência eu escuto conversas assim: “Eu tenho 25anos, sou moleque, mas...” Obviamente mudou a idade em que as pessoas sentem que cresceram.

O que não mudou desde a calça boca de sino foi a maneira que as pessoas escolhem para mudar a vida. Quando as sensações estão se repetindo, quando um ciclo aparentemente se esgotou, elas se apaixonam. Temos até uma frase para explicar isso: quando estamos prontos, a pessoa certa aparece. A “pessoa certa” varia de uma vida para outra, mas a função dela, eu acho, é sempre encerrar uma etapa e dar início a outra. Recomeçar.

O motivo é simples: a paixão nos dá a sensação de voltar ai zero. Ou quase. Eros, na mitologia grega, não encarna apenas a força brutal do amor e do erotismo. É também o deus da natureza, com seus ciclos indomáveis de morte e renascimento. Estar apaixonado é florescer, tanto quando se entorpecer ou enlouquecer. Meu amigo percebia isso aos 18 anos. Pegou carona na energia da paixão para mudar a vida na direção que imaginava correta. Um novo amor, um novo começo, a possibilidade de uma nova vida. Quem nunca embarcou nessa?

Mas eu vejo um problema com essa forma de mudar as coisas: a energia da paixão é ambígua. Ela pode ajudar a promover mudanças reais ou pode encobrir, sob uma camada de novidade e erotismo, a vontade de mudança que não se realiza em outros aspectos da vida. O amor pode ser ação, mas pode ser apenas distração.

Escrevo isso porque, frequentemente, tenho a sensação de que transferimos para o amor a responsabilidade por milagres que ele não tem capacidade de operar.

É comum, por exemplo, estar tão enfastiado com o trabalho que a vida pareça insuportável. Quem pode ser feliz fazendo o que não gosta todos os dias? Ou indo a um lugar onde não gostaria de estar? Ou tratando diariamente com pessoas que não gostaria de ver?

Mas é igualmente comum que, em vez de tentar alterar esse aspecto essencial da existência, as pessoas se atirem a mudanças de outra ordem, sobretudo afetivas, em busca de uma satisfação que será necessariamente temporária e que não vai mudar em nada o problema essencial. Eu já fiz isso e já vi dezenas de pessoas fazerem igual.

(Minha sensação é que as pessoas práticas, aquelas capazes de mudar com mais eficiência os aspectos materiais da sua existência, têm menos necessidade de revolucionar seu mundo afetivo a cada par de meses ou anos. Elas se renovam mudando outros aspectos da vida.)

Há também a paixão que nos consola das nossas questões interiores. Das nossas dores permanentes. Da nossa ansiedade intolerável. Por algum tempo ela nos distrai de nós mesmos. É uma fuga que tende a se repetir. Gente angustiada e sedutora faz isso o tempo inteiro: troca de parceiro e de paixão sem conseguir trocar o essencial em si mesmo. Eu já conheci gente assim, você também. Um belo dia elas acordam, percebem que a velha dor está lá, e vão embora, atrás de outra paixão que consiga preencher o buraco impreenchível.

Qual é a moral dessa história?

Que talvez tenhamos de desconfiar de nós mesmos (e de nossas razões) mesmo quando estivermos sendo levados ao céu pelo anjo inesperado e providencial da paixão. Se o anjo aparece toda vez que a vida se torna insuportável, talvez não passe de uma requintada muleta com asas. Ou de uma ilusão. Quem sabe um analgésico.

O meu amigo decidiu que já tinha vivido tudo aos 18 anos e que a paixão e o casamento resolveriam suas angústias de adolescência. Obviamente ele era um tolo e as coisas não aconteceram como ele previa. A maioria de nós fez 18 anos há muito tempo, mas, de uma forma silenciosa e quase inconfessável, muitos continuamos esperando que o amor (o próximo amor, o casamento, ou aquele cara...) vá solucionar, repentinamente, nossa vida. Eu acho que não acontece assim. Pelo menos comigo não tem acontecido.

Por Ivan Martins

quarta-feira, 27 de julho de 2011

"— É fisicamente que você não está bem?
Ela respondeu que não tinha nada físico. Então ele disse:
— Lóri, disse Ulisses, e de repente pareceu grave embora falasse tranqüilo, Lóri: uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida. Foi apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi. E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, esperarei quanto tempo for preciso."
C. Lispector

terça-feira, 5 de julho de 2011

O amor bom é facinho!

Há conversas que nunca terminam e dúvidas que jamais desaparecem. Sobre a melhor maneira de iniciar uma relação, por exemplo. Muita gente acredita que aquilo que se ganha com facilidade se perde do mesmo jeito. Acham que as relações que exigem esforço têm mais valor. Mulheres difíceis de conquistar, homens difíceis de manter, namoros que dão trabalho - esses tendem a ser mais importantes e duradouros. Mas será verdade?

Eu suspeito que não.

Acho que somos ensinados a subestimar quem gosta de nós. Se a garota na mesa ao lado sorri em nossa direção, começamos a reparar nos seus defeitos. Se a pessoa fosse realmente bacana não me daria bola assim de graça. Se ela não resiste aos meus escassos encantos é uma mulher fácil – e mulheres fáceis não valem nada, certo? O nome disso, damas e cavalheiros, é baixa auto-estima: não entro em clube que me queira como sócio. É engraçado, mas dói.

Também somos educados para o sacrifício. Aquilo que ganhamos sem suor não tem valor. Somos uma sociedade de lutadores, não somos? Temos de nos esforçar para obter recompensas. As coisas que realmente valem a pena são obtidas à duras penas. E por aí vai. De tanto ouvir essa conversa - na escola, no esporte, no escritório - levamos seus pressupostos para a vida afetiva. Acabamos acreditando que também no terreno do afeto deveríamos ser capazes de lutar, sofrer e triunfar. Precisamos de conquistas épicas para contar no jantar de domingo. Se for fácil demais, não vale. Amor assim não tem graça, diz um amigo meu. Será mesmo?

Minha experiência sugere o contrário.

Desde a adolescência, e no transcorrer da vida adulta, todas as mulheres importantes me caíram do céu. A moça que vomitou no meu pé na festa do centro acadêmico e me levou para dormir na sala da casa dela. Casamos. A garota de olhos tristes que eu conheci na porta do cinema e meia hora depois tomava o meu sorvete. Quase casamos? A mulher cujo nome eu perguntei na lanchonete do trabalho e 24 horas depois me chamou para uma festa. A menina do interior que resolveu dançar comigo num impulso. Nenhuma delas foi seduzida, conquistada ou convencida a gostar de mim. Elas tomaram a iniciativa – ou retribuíram sem hesitar a atenção que eu dei a elas.

Toda vez que eu insisti com quem não estava interessada deu errado. Toda vez que tentei escalar o muro da indiferença foi inútil. Ou descobri que do outro lado não havia nada. Na minha experiência, amor é um território em que coragem e a iniciativa são premiadas, mas empenho, persistência e determinação nunca trouxeram resultado.

Relato essa experiência para discutir uma questão que me parece da maior gravidade: o quanto deveríamos insistir em obter a atenção de uma pessoa que não parece retribuir os nossos sentimos?

Quem está emocionalmente disponível lida com esse tipo de dilema o tempo todo. Você conhece a figura, acha bacana, liga uns dias depois e ela não atende e nem liga de volta. O que fazer? Você sai com a pessoa, acha ela o máximo, tenta um segundo encontro e ela reluta em marcar a data. Como proceder a partir daí? Você começou uma relação, está se apaixonando, mas a outra parte, um belo dia, deixa de retornar seus telefonemas. O que se faz? Você está apaixonado ou apaixonada, levou um pé na bunda e mal consegue respirar. É o caso de tentar reconquistar ou seria melhor proteger-se e ajudar o sentimento a morrer?

Todas essas situações conduzem à mesma escolha: insistir ou desistir?

Quem acha que o amor é um campo de batalha geralmente opta pela insistência. Quem acha que ele é uma ocorrência espontânea tende a escolher a desistência (embora isso pareça feio). Na prática, como não temos 100% de certeza sobre as coisas, e como não nos controlamos 100%, oscilamos entre uma e outra posição, ao sabor das circunstâncias e do tamanho do envolvimento. Mas a maioria de nós, mesmo de forma inconsciente, traça um limite para o quanto se empenhar (ou rastejar) num caso desses. Quem não tem limites sofre além da conta – e frequentemente faz papel de bobo, com resultados pífios.

Uma das minhas teorias favoritas é que mesmo que a pessoa ceda a um assédio longo e custoso a relação estará envenenada. Pela simples razão de que ninguém é esnobado por muito tempo ou de forma muito ostensiva sem desenvolver ressentimentos. E ressentimentos não se dissipam. Eles ficam e cobram um preço. Cedo ou tarde a conta chega. E o tipo de personalidade que insiste demais numa conquista pode estar movida por motivos errados: o interesse é pela pessoa ou pela dificuldade? É um caso de amor ou de amor próprio?

Ser amado de graça, por outro lado, não tem preço. É a homenagem mais bacana que uma pessoa pode nos fazer. Você está ali, na vida (no trabalho, na balada, nas férias, no churrasco, na casa do amigo) e a pessoa simplesmente gosta de você. Ou você se aproxima com uma conversa fiada e ela recebe esse gesto de braços abertos. O que pode ser melhor do que isso? O que pode ser melhor do que ser gostado por aquilo que se é – sem truques, sem jogos de sedução, sem premeditações? Neste momento eu não consigo me lembrar de nada.

Ivan Martins

quinta-feira, 30 de junho de 2011

A Eterna Busca


Aprenda a gostar de você, a cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você... A idade vai chegando e, com o passar do tempo, nossas prioridades na vida vão mudando... A vida profissional, a monografia de final de curso, as contas a pagar.
Mas uma coisa parece estar sempre presente... A busca pela felicidade com o amor da sua vida.
Desde pequenas ficamos nos perguntando "quando será que vai chegar?" e a cada nova paquera, vez ou outra nos pegamos na dúvida "será que é ele?".
Como diz o meu pai: "nessa idade tudo é definitivo", pelo menos a gente achava que era. Cada namorado era o novo homem da sua vida.
Faziam planos, escolhiam o nome dos filhos, o lugar da lua-de-mel e, de repente... PLAFT! Como num passe de mágica ele desaparecia, fazendo criar mais expectativas a respeito "do próximo".
Voce percebe que cair na guerra quando se termina um namoro é muito natural, mas que já não dura mais de três meses. Agora, você procura melhor e começa a ser mais seletiva.
Procura um cara formado, trabalhador, bem resolvido, inteligente, com aquele papo que a deixa sentada no bar o resto da noite.
Você procura por alguém que cuide de você quando está doente, que não reclame em trocar aquele churrasco dos amigos pelo aniversário da sua avó, que jogue "imagem e ação" e se divirta como uma criança, que sorria de felicidade quando te olha, mesmo quando está de short, camiseta e chinelo.
A liberdade, ficar sem compromisso, sair sem dar satisfação já não tem o mesmo valor que tinha antes.
A gente inventa um monte de desculpas esfarrapadas mas continuamos com a procura incessante por uma pessoa legal, que nos complete e vice-versa.
Enquanto tivermos maquiagem e perfume, vamos à luta...e haja dinheiro para manter a presença em todos os eventos da cidade: churrasco, festinhas, boates na quinta-feira. Sem falar na diversidade que vai do Forró ao Beatles.
Mas o melhor dessa parte é se divertir com as amigas, rir até doer a barriga, fazer aqueles passinhos bregas de antigamente e curtir o som...olhar para o teto, cantar bem alto aquela música que você adora.
Com o tempo, voce vai percebendo que para ser feliz com uma outra pessoa, você precisa, em primeiro lugar, não precisar dela.
Percebe também que aquele cara que você ama (ou acha que ama), e que não quer nada com você, definitivamente não é o homem da sua vida. Você aprende a gostar de voce, a cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você.
O segredo é não correr atrás das borboletas... é cuidar do jardim para que elas venham até você.
No final das contas, você vai achar não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você!

Mário Quintana

domingo, 26 de junho de 2011

Faz muito tempo que você não vem, sei do tempo que você não vem porque guardei no meio das minhas roupas um pedaço daquela maçã que você me trouxe da última vez, e aquele pedaço escureceu, ficou com cheiro ruim, encheu de bichos, até que eles me obrigaram a jogar fora. Acho que os pedaços da maçã só se enchem de bichos depois de muito tempo, não sei. […] Eu sei que você quer me ver. Eu sei que você fica os dias inteiros caminhando atrás daqueles muros brancos esperando eu aparecer. Eles não deixam, acho que você sabe que eles não deixam. Não vão deixar nem esta carta chegar às suas mãos, ou vão escrever outra dizendo que eu não gosto de você, que eu não preciso de você. Mas é mentira, você tem que saber que é mentira, acho que era isso que eu queria dizer, preciso escrever depressa antes que eu me esqueça do que eu queria dizer. Eu preciso muito, muito de você. Eu quero muito, muito você aqui de vez em quando, nem que seja muito de vez em quando. Você nem precisa trazer maçãs, nem perguntar se estou melhor. Você não precisa trazer nada só, você mesmo. Você nem precisa dizer alguma coisa no telefone, basta ligar e eu fico ouvindo o seu silêncio, juro como não peço mais que o seu silêncio do outro lado da linha, ou do outro lado da porta, ou do outro lado do muro, ou do outro lado. Eu acho graça e penso em como você também acharia graça se soubesse como eles repetem que você não existe. Depois eu paro de achar graça e fico olhando a porta por onde não entra, o telefone por onde você não fala e me lembro do pedaço apodrecido daquela maçã e então penso que talvez eles tenham razão, que talvez você não venha mais, e com dificuldade consigo até pensar que talvez você não exista mesmo. Mas não é possível, eu sei que não é possível: se estou escrevendo para você é porque você existe. Tenho certeza que você existe porque escrevo para você, mesmo que o telefone não toque nunca mais, mesmo que a porta não abra, mesmo que nunca mais você me traga maçãs e sem as suas maçãs eu me perca no tempo, mesmo que eu me perca. Vou terminar por aqui, só queria pedir uma coisa, acho que não é difícil, é só isso, uma coisa bem simples: quando você voltar outra vez, veja se você me traz uma maçã bem verde, a mais verde que você encontrar, uma maçã que leve tanto tempo para apodrecer que quando você voltar outra vez ela ainda nem tenha amadurecido direito.

Caio F. Abreu
Não me dêem fórmulas certas, por que eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, por que vou seguir meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, por que sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra sempre.

Bruna Lombardi

sábado, 25 de junho de 2011

"Tomara que a gente não desista de ser quem é por nada nem ninguém deste mundo.Que a gente reconheça o poder do outro sem esquecer do nosso. Que as mentiras alheias não confundam as nossas verdades, mesmo que as mentiras e as verdades sejam impermanentes. Que friagem nenhuma seja capaz de encabular o nosso calor mais bonito. Que, mesmo quando estivermos doendo, não percamos de vista nem de sonho a ideia da alegria. Tomara que apesar dos apesares todos, a gente continue tendo valentia suficiente para não abrir mão de se sentir feliz" ...

Por CAIO F. ABREU

quarta-feira, 1 de junho de 2011

O Que Eu Também Não Entendo

Essa não é mais uma carta de amor
São pensamentos soltos traduzidos em palavras
Pra que você possa entender
O que eu também não entendo

Amar não é ter que ter sempre certeza
É aceitar que ninguém é perfeito pra ninguém
É poder ser você mesmo e não precisar fingir
É tentar esquecer e não conseguir fugir, fugir

Já pensei em te largar
Já olhei tantas vezes pro lado
Mas quando penso em alguém é por você que fecho os olhos
Sei que nunca fui perfeito mas com você eu posso ser
Até eu mesmo que você vai entender

Posso brincar de descobrir desenho em nuvens
Posso contar meus pesadelos e até minhas coisas fúteis
Posso tirar a tua roupa
Posso fazer o que eu quiser
Posso perder o juízo
Mas com você eu tô tranquilo, tranquilo

Agora o que vamos fazer, eu também não sei
Afinal, será que amar é mesmo tudo?
Se isso não é amor, o que mais pode ser?
Estou aprendendo também


Por Fernanda Mello e Rogério Flausino

terça-feira, 31 de maio de 2011

O amor é outra coisa...

- O amor não te faz arder em chamas. O nome disso é combustão instantânea. Amor é outra coisa.
- O amor não faz brotar uma nova pessoa dentro de você. O nome disso é gravidez. O amor é outra coisa.
- O amor não te deixa completamente feliz. O nome disso é Prozac. Amor é outra coisa.
- O amor não te deixa saltitante. O nome disso é Pogobol. O amor é outra coisa.
- O amor não te faz acreditar em falsas promessas. O nome disso é campanha eleitoral. O amor é outra coisa.
- O amor não te faz esquecer de tudo. O nome disso é amnésia. Amor é outra coisa.
- O amor não te faz perder a articulação das palavras de repente. O nome disso é AVC. O amor é outra coisa.
- O amor nao te faz sentir borboletas no estomago, o nome disso é fome. O amor é outra coisa.
- O amor não te deixa completamente imóvel. O nome disso é trânsito de São Paulo. O amor é outra coisa.
- O amor não te deixa molinho e manhoso. O nome disso é Rivotril. O amor é outra coisa.
- O amor não te deixa temporariamente cego. O nome disso é spray de pimenta. O amor é outra coisa.
- O amor não faz seu mundo girar sem parar. O nome disso é labirintite. O amor é outra coisa.
- O amor não te deixa sem chão, o nome disse é cratera. O amor é outra coisa.
- O amor não te deixa quente e te leva pra cama. O nome disso é dengue. O amor é outra coisa.
- O amor não retribui suas declarações. O nome disso é restituição de imposto de renda. O amor é outra coisa.
- O amor não leva teu café da manhã na cama e ainda dá na boquinha. O nome disso é enfermeira. O amor é outra coisa.
- O amor não te faz olhar pro céu e ver tudo colorido. O nome disso é queima de fogos de artifício. O amor é outra coisa.
- O amor não te faz ficar simpático e amoroso de repente. O nome disso é Natal. O amor é outra coisa.
- O amor não te liberta. O nome disso é ALVARÁ DE SOLTURA. Amor é outra coisa.
- O amor não te deixa à mercê da vontade alheia. O nome disso é Boa Noite Cinderela. O amor é outra coisa.
- O amor não te faz ver o mundo cor-de-rosa. O nome disso é baitolice. O amor é outra coisa.
- O amor não é aquela coisa brega, mas que te remexe todo. O nome disso é Banda Calypso. O amor é outra coisa.
- O amor não te dá a chance de mudar o que está diante de você. O nome disso é controle remoto. O amor é outra coisa.
- O amor não tira suas defesas. O nome disso é HIV. O amor é outra coisa.
- O amor não te pega desprevenido e te impulsiona para frente. O nome disso é topada. O amor é outra coisa.
- O amor não faz o coração bater mais rápido. O nome disso é arritmia. O amor é outra coisa.
- O amor não faz você dar suspiros. O nome disso é dia de Cosme e Damião. O amor é outra coisa.
- O amor não te faz ver tudo com outros olhos. O nome disso é transplante. O amor é outra coisa.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Das Vantagens de ser Bobo


O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando."
Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a idéia.
O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski.
Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranqüilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu.
Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase: "Até tu, Brutus?"
Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!
Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.
O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham a vida. Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem.
Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas!
Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.

Clarice Lispector

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Tiempo

Hoy sopla viento del suroeste
De máxima tendremos 18
y de mínima 13... Mi número

Acabo de despertar y con el tiempo voy aprendiendo
Que la mañana te ayuda a ver las cosas con más claridad
Que lo que antes dolía mucho
Hoy tiene algodones en las esquinas
Y empieza a ser como una caricia
Y duele menos, mucho menos
Que el tiempo juega un papel muy importante
Y nos lo están quitando por todas partes

Tiempo

No se puede construir ná, ná de ná, ná
Tiempo, pa volver a casa tu quieres tiempo
Pa encontrar la calma necesitas tiempo
Pa tomar tus decisiones, tiempo
Pa tocarte los cojones, tiempo
Pa pasarlo con tus hijos, tiempo
Pa fumarte un cigarrito, tiempo
Pa perder el tiempo, tiempo
Pa disfrutar el momento, tiempo
Pa coger un autobús, tiempo
Pa decirle al jefe quiero tiempo
Pa mirar al cielo quiero tiempo
Pa escuchar las canciones tomate tu tiempo
Pa currar yo mido siempre el tiempo
Pa disfrutar quiero que sobre el tiempo
Yo pa coger olitas quiero tiempo

Tiempo

Pa dedicarselo a tu cuerpo, tiempo
Pa contarle a un niño un cuento, tiempo
Pa valorar que vas haciendo, tiempo
Para parar si vas corriendo, tiempo
Pa desahogar la mala ostia, tiempo
Y pa que nadie se la coma, tiempo
Pa sacar tus conclusiones, tiempo
Pa saber donde te pones, tiempo´
Pa respirar, tiempo pa llorar, tiempo
Pa volver a respirar, tiempo
Tiempo, pa dejar que ten den besos, pa reirte

Acabo de despertar y con el tiempo voy aprendiendo
Que la mañana te ayuda a ver las cosas con más claridad
Que lo que antes dolía mucho
Hoy tiene algodones en las esquinas
Y empieza a ser como una caricia
Y duele menos, mucho menos

Tiempo, pa volver a casa tu quieres tiempo
Pa encontrar la calma necesitas tiempo
Pa tomar tus decisiones, tiempo
Pa tocarte los cojones, tiempo
Pa pasarlo con tus hijos, tiempo
Pa fumarte un cigarrito, tiempo
Pa perder el tiempo, tiempo
Pa disfrutar el momento, tiempo
Pa coger un autobús, tiempo
Pa decirle al jefe quiero tiempo
Pa mirar al cielo quiero tiempo
Pa escuchar las canciones tomate tu tiempo
Pa currar yo mido siempre el tiempo
Pa disfrutar quiero que sobre el tiempo
Yo pa coger olitas quiero tiempo

Tiempo

Tiempo, pa volver a casa tu quieres tiempo
Pa encontrar la calma necesitas tiempo
Pa tomar tus decisiones, tiempo
Pa tocarte los cojones, tiempo
Pa pasarlo con tus hijos, tiempo
Pa fumarte un cigarrito, tiempo
Pa perder el tiempo, tiempo

Carlos Jean & Bebe

domingo, 15 de maio de 2011

Seu amor não é correspondido? Pare de tentar encontrar os motivos...

Poucas situações na vida são mais angustiantes do que viver um amor não correspondido. No entanto, pouquíssimas são as pessoas que nunca experimentaram algo semelhante. Ou seja, amar e não ser amado é, em última instância, uma dor comum, embora bastante pessoal.

E por que será que ainda assim, sendo tão recorrente e fazendo parte da história de bilhões de seres humanos, continua sendo tão difícil lidar com o fato de que o outro não está a fim de continuar ou sequer de começar um relacionamento com a gente?

O fato é que aprender a lidar com a frustração da não correspondência de qualquer sentimento, especialmente dos mais intensos e profundos, é uma das mais duras e importantes lições de todos nós!

A começar pela capacidade de compreender que a razão de o outro não gostar de você da mesma forma que você gosta dele não tem a ver com quem você é exatamente. Ou seja, você certamente é alguém com qualidades suficientes para ser amado, entretanto, isso não é garantia para que a química de um encontro dê certo.

Quando falamos de amor, desejo e vontade, temos de considerar que sempre existe mais de uma parte envolvida. É a máxima do dito popular que avisa que quando um não quer, dois não brigam ou não se amam, como é o nosso caso. Mas os motivos pelos quais uma pessoa não corresponde ao seu amor estão longe de ser passíveis de explicação lógica.

Amamos e não amamos por motivos inefáveis, que não estão ao alcance das palavras ou da inteligência racional. Talvez isso explique por que, algumas vezes, amamos aquela pessoa não aprovadas pela maioria de nossos amigos e familiares. Ou por que, noutras vezes, não conseguimos amar aquela que todos dizem ser a ideal para nós, a perfeita.

Esta é a prova de que ficar se consumindo na tentativa de compreender, logicamente, por que o outro não está correspondendo nosso amor é inútil, ineficiente e só nos faz doer mais ainda. Esta é a prova, sobretudo, de que não ser amado por determinada pessoa não é um veredito, não é uma sentença, não é o fim.

Talvez, muito pelo contrário, seja apenas o começo. Seja a nossa grande chance de descobrir uma alternativa melhor. Sim, porque não prevemos o futuro. Não sabemos o que virá. E por isso mesmo deveríamos confiar um pouco mais no fluxo do Universo.

Certamente, já aconteceu com você de considerar um acontecimento péssimo, desastroso e, depois de alguns dias ou meses, ter se dado conta de que algo muito lindo, maravilhoso e imperdível só aconteceu porque havia o espaço deixado pelo que havia considerado um desastre.

Enfim, não ser correspondido hoje é ruim, eu sei. Dói. E por isso mesmo, sugiro que você chore, esperneie, desabafe e faça o que for possível, dentro das opções saudáveis, de preferência, para esgotar sua frustração e se sentir melhor. Porém, não se destrua, não se acabe e não tome as circunstâncias como determinantes de sua infelicidade.

Permita-se viver um dia de cada vez, apostando que cada noite que chega significa que você está mais distante da tristeza e mais perto de uma nova alegria. Permita-se acreditar que o sol voltará a brilhar em seu coração mais cedo do que você imagina... E siga o fluxo da existência.

E, assim, certo de que ser correspondido é tão possível quanto não ser, e que essa é uma verdade que vale para todas as pessoas deste planeta – até mesmo para aquelas consideradas as mais lindas e sensuais – levante-se, lave esse rosto, vista-se como se fosse celebrar e faça um brinde a si mesmo, ao amor e ao melhor que está por vir!


Por: Rosana Braga

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Quadrilha

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.

Por: Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 11 de abril de 2011

LISTA DE ESPERA

“Espero que a espera seja curta e que logo logo eu não espere por nada e seja simplesmente satisfeita com o sol claro ou não. E que um dia então tudo se encerre claro.Espero que o ônibus não demore e nem o dia das crianças, espero que a dor passe e todo ano espero até a meia-noite pelo Papai Noel.Espero na fila do dentista e só pode comer docinho depois do parabéns.Espero ficar grande até pintar o teto que ainda é marrom.Espero que o branco traga alguma calma para o que ainda não acalmou. Espero pro tempo passar e não trazer tédio mas conhecimento.Espero plantar a semente e esperar germinar e esperar crescer e esperar florescer e esperar dar frutos.Tem que ver as coisas e esperar significado,pelo menos é esperável que signifique. Espero o mês chegar ao fim para receber dinheiros e esperar dar uma volta completa para chegar na água.Acho que não espero que alguém leia tudo isso mas espero me lembrar de tudo que tenho para escrever.Espero que minha presença não impeça ou atrapalhe na apreciação do espaço.Espero que Cildo entenda que gosto muito dele mas é que espero branco.Espero o sono chegar e espero não ter pesadelo.Espero a noite chegar e que amanha não faça tanto calor.Espero que entenda minha letra e meu silêncio.Espero um dia poder suportar as bananças e intemperanças da mesma maneira.Espero que as férias cheguem e que não passem tão depressa. Depois espero elas acabarem e o tédio e ainda não sei, embora espere que um dia aprenda a esperar o tempo das coisas.Espero um jeito bom de resolver as coisas ruins e descobrir no complexo a sua simplicidade oculta.Não espero me cansar muito nem me perder entre tantos caminhos. Espero que o horóscopo acerte e a previsão do tempo erre.Espero encontrar o amor e espero não me assustar tanto.Espero que a água ferva depressa e que a massa cozinhe no ponto perfeito. E que também a palavra encontre seu pouso. É que já falamos esperando ser ouvidos que eu espero um dia aprender a escutar .Espero a esperança ser substituída pela compreensão. Espero. Espero ter calma para esperar. Espero não ter mais que esperar.

Espero o jogo acabar e espero que meu time ganhe. Espero o chocolate derreter na boca.Espero que o iogurte não fique azedo com o calor. Espero não precisar matar ninguém e espero talvez conseguir ajudar alguém. Espero não te machucar e espero que os anjos sejam bebes gordinhos sem sexo e com asas. Espero que a noite o céu esteja claro e que a lua esteja clara. Não espero que me espere, mas espero que me entenda. Espero que me perdoe. Esperarei, esperar-hei, esperar-nos, espero esperar espero espera. Espero ainda que não deva mais esperar tanto nem cultivar mais esperanças. Afinal o jardim esta seco e tudo mais repousa branco.

... é que tem hora que canso de esperar...

KAZAVAZIA

domingo, 3 de abril de 2011

NÃO TE SALVES

Não fiques imóvel

à beira do caminho,
não congeles o júbilo,
não desejes com angústia,
não te salves agora
nem nunca.
Não te salves.


Não te enchas de calma,
não reserves do mundo
apenas um lugar tranqüilo
não deixes cair as pálpebras
pesadas como os conceitos,
não percas o sono,
não penses sem sangue
não te julgues sem tempo.

Mas se apesar de tudo,
não podes evitá-lo;
e congelas o júbilo,
e desejas com angústia,
e te salvas agora,
e te enches de calma,
e reservas do mundo
apenas um lugar tranqüilo,
e deixas cair as pálpebras
pesadas como os conceitos
e dormes sem sono,
e pensas sem sangue,
e te julgas sem tempo,
e ficas imóvel
à beira do caminho,
e te salvas;
então,
não fiques comigo.


Por Mario Benedetti

domingo, 27 de março de 2011

This is a story of boy meets girl. The boy, Tom Hansen of Margate, New Jersey, grew up believing that he'd never truly be happy until the day he met the one. This belief stemmed from early exposure to sad British pop music and a total mis-reading of the movie 'The Graduate'."

500 DAYS OF SUMMER

terça-feira, 15 de março de 2011

...Você não me conhece e eu tenho que gritar isso porque você está surdo e não me ouve!
A sedução me escraviza a você. Ao fim de tudo, você permanece comigo, mas preso ao que eu criei e não a mim. E quanto mais falo sobre a verdade inteira, um abismo maior nos separa. Você não tem um nome, eu tenho. Você é um rosto na multidão e eu sou o centro das atenções, mas a mentira da aparência do que eu sou é a mentira da aparência do que você é , porque eu não sou o meu nome e você não é ninguém.
O jogo perigoso que eu pratico aqui, ele busca chegar ao limite possível de aproximação através da aceitação da distância e do reconhecimento dela. Entre eu e você existe a notícia que nos separa e eu quero que você me veja a mim. Eu me dispo da notícia e a minha nudez parada te denuncia e te espelha...
Eu me delato , tu me relatas... Eu nos acuso e confesso por nós. Assim, me livro das palavras com as quais você me veste .
(Fauzi Arap)



Esse enlouquecer na busca dos passos
antevendo o gesto, o cheiro exalado,
ir de encontro ao corpo, o abraço apertado
fechando o cerco, atando os laços;

Esse suor almiscarado transpassando,
a força do que és, o impacto, o comando,
a diretriz do êxtase, obedecendo o mando
do olhar enviesado no dengo resvalando;

A nuca exposta ao teu beijo, meus cabelos
colando nas costas e esse absinto
inebriando as narinas, a boca já sem fala

tentando sussurrar os segredos dos pêlos
no sangue que nos corre nas veias e que sinto
em tremores por teu amor, que me avassala...

sábado, 12 de março de 2011

Segundo o Kama Sutra, os 30 tipos de beijos são:


1. Beijo de lado
Quando as cabeças das duas pessoas se inclinam em direções opostas e o beijo é produzido nessa postura.
Essa é uma das formas mais comuns de se beijar e a preferida dos filmes. As cabeças inclinadas permitem um melhor contato dos lábios e uma penetração profunda da língua. É um modo excelente de começar um encontro amoroso apaixonado e também um modo de estimular a paixão entre o casal.

2. Beijo inclinado
Quando um dos dois coloca a cabeça para trás e a outra pessoa, que a segura pelo queixo, a beija. A doçura e o afeto são as emoções principais que são transmitidas com esse beijo. Um beijo desse tipo é apropriado para as preliminares, quando se prefere fazer sexo com lentidão e de frente.

3. Beijo direto
Quando os lábios dos dois se unem diretamente e se chupam como se fossem uma fruta madura. É um tipo de beijo em que o importante é que além de serem chupados, os lábios sejam mordiscados e levemente acariciados com a língua. É um beijo tranqüilo e demorado, que pode expressar uma forte paixão e que excita muitas pessoas mais do que o beijo de língua.

4. Beijo pressão
Os lábios se pressionam fortemente com a boca fechada. É um beijo para iniciar a relação ou para terminá-la, não convém mantê-lo por muito tempo. Os dentes se cravam na parte interior dos lábios e pode sair sangue.

5. Beijo superior
Quando um dos dois pega o lábio superior com seus dentes e o outro devolve o "carinho" beijando-lhe o lábio inferior. Na descrição deste beijo fala-se que uma pessoa do casal deve tomar a iniciativa e o outro se limita a correspondê-la. Uma possível razão para isso é que o Kama Sutra foi escrito para homens ativos e mulheres passivas. Mas, nos casais atuais, cada um deve ser o mais criativo possível e deixar que a imaginação se expresse como ela é, e não se limite a responder a iniciativa do outro.

6. Beijo broche
Quando um dos dois se prende aos lábios de seu amante, isso é chamado de beijo broche. E se o que realiza o beijo toca seus dentes, a gengiva ou o céu da boca com a língua, esse beijo chama-se "luta de língua".

7. Beijo palpitante
Quando um dos dois deposita sobre os lábios milhares de beijos bem pequenos percorrendo toda a boca e as comissuras (junção dos lábios).

8. Beijo contato
Quando se toca ligeiramente com a língua a boca do outro e faz apenas contato com os lábios.

9. Beijo para acender a chama
É o beijo na comissura (junção) dos lábios que costuma ser dado no meio da noite para incendiar a paixão.

10. Beijo para distrair
O beijo ideal para quando vocês estiverem assistindo a algo na televisão e a pessoa quer chamar a atenção do parceiro com seus beijos. Para começar, lembre-se de que nem todos os beijos precisam ser na boca. Segundo o Kama Sutra, outros lugares recomendados para iniciar a "batalha" são: a testa, os olhos, as bochechas, o peito, os seios, a zona abaixo da boca, a cabeça, a nuca e o pescoço junto com a clavícula.

11. Beijo nominal
Quando um dos dois se limita a tocar a boca do outro, depois de beijá-la, com os dedos.

12. Beijo com os cílios
Quando se percorre os lábios ou o rosto do outro e se acariciam os cílios com beijos.

13. Beijo com um dedo
Quando o amante percorre a boca da amada por dentro e por fora com um dedo.

14. Beijo com dois dedos
Quando o amante fecha dois dedos, molha-os ligeiramente nos lábios da amada e faz uma pressão sobre sua boca.

15. Beijo que desperta
O beijo que se dá nas têmporas, próximo da raiz do cabelo, quando o outro está dormindo, para despertá-lo com suavidade.

16. Beijo que demonstra
Costumam ser dados à noite e em lugares públicos. Um dos dois se aproxima do outro e o beija suavemente na mão ou no pescoço.

17. Beijo da lembrança
É dado quando os amantes estão descansando após a satisfação sexual e um dos dois coloca a cabeça sobre a coxa do outro e deixa-a cair, como se estivesse com sono, beijando-lhe na coxa ou nos dedos do pé.

18. Beijo transferido
Esse beijo ocorre quando o amante, na presença da amada, beija alguém que esteja próximo dele no rosto, ou mesmo alguma foto ou qualquer outra coisa, olhando para ela como se o beijo fosse para a parceira.

19. Beijo choroso
É produzido quando um dos dois sente tanta falta do outro, que na ausência do outro beija seu retrato.

20. Beijo viajante
Ainda que pareça que os beijos sempre costumam se centralizar na boca, colocar os lábios em outras partes do corpo é uma forma de excitação garantida.

21. Beijo no peito
Os beijos mais efetivos nos seios são os que se aplicam primeiro com os lábios, suavemente e com um pouco de saliva. Depois, intensifica-se a pressão e, se a parceira o deseja e gosta desse tipo de beijo, pode-se pegar os seios com os dentes e pressionar ligeiramente. Algumas pessoas preferem sentir um pouco de dor nos seios quando estão prestes a ter um orgasmo.

22. Beijo sem pressa
A chave é prestar total atenção no corpo do outro. Quanto mais controle você tiver e mais se concentrar em acariciar e beijar cada canto do corpo, mais intensa será a sensação de prazer para ambos.

Onde há amor, há dor
Segundo a tradição erótica da Índia, a mordida é um elemento muito importante e o Kama Sutra dá uma boa lista de mordidas com toda riqueza de detalhes.
As mordidas costumam ser dadas em quase todas as partes do corpo e vão desde a mordida brincalhona, mais provocadora que erótica, até o forte apertão com os dentes que costuma ser dado no calor da paixão e faz com que os orgasmos sejam mais duradouros. No entanto, muitos costumam evitar este último tipo de mordida, porque é difícil de controlar e costuma deixar marcas muito evidentes. Também porque durante o orgasmo as mandíbulas podem sofrer um espasmo e fechar com força, o que pode ocasionar feridas.
As mordidas recomendadas pelo Kama Sutra são:

23. Mordida de Javali
O rastro que deixa na pele são como filas indianas, muito próximas umas das outras e com intervalos vermelhos como as pegadas que costumam ser deixadas pelos javalis no barro. É uma mordida que costuma ser feita no ombro.

24. A nuvem quebrada
Consiste em levantamentos desiguais da pele em círculo, produzidos pelos espaços que há entre os dentes. O Kama Sutra especifica que este tipo de mordida deve ser feita no peito.

25. Mordida escondida
É a mordida que só deixa uma intensa marca vermelha e que deve ser dada no lábio inferior.

26. Mordida clássica
Quando se pega com os dentes uma grande quantidade de pele.

27. O ponto
Quando se pega com os dentes uma pequena quantidade de pele de tal maneira que só fique uma marca como um ponto vermelho.

28. A linha dos pontos
Quando essa pequena porção de pele é mordida com todos os dentes e todos eles deixam sua marca. Deve ser dada na testa ou na coxa.

29. O coral e a jóia
É a mordida que resulta da junção dos dentes e dos lábios. Os lábios são o coral e os dentes são a jóia.

30. A linha de jóias
Quando se dá uma mordida com todos os dentes.