quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Fases do luto

O sentimento de perda é uma experiência que todos nós passamos pelo menos uma vez na vida. Mesmo comum, ainda sim é um processo difícil porque na maioria das vezes não sabemos como administrar a profusão de sentimentos.

“De um modo geral, o luto é uma reação vital, inerente à condição humana e representa a resposta à perda de algo ou de alguém. Este processo inclui um conjunto de sentimentos que levam mais ou menos tempo a serem resolvidos dependendo da pessoa ou da situação em particular e, que não devem ser apressados nem embotados com o uso de medicação.” Resumindo, é uma tristeza profunda em decorrência de uma perda.

O luto não cabe apenas em casos de morte, mas também quando há alteração em setores da vida em geral, como por exemplo: profissional (perda do emprego, mudança de cargo), afetivo (término de namoro, fim de uma amizade), saúde (doença, acidente) etc.
O processo de “fases do luto” foi um estudo desenvolvido pela psiquiatra americana Elizabeth Kubler-Ross, ao pesquisar os efeitos da perda e o período do luto. Ela ressalta que tal processo se aplica a qualquer alteração importante na rotina: a notícia de uma morte, de uma doença grave, a separação de um amor, até o envelhecimento para algumas pessoas. Em geral, o enlutado passa por 5 fases distintas. São elas:


1. Negação - é uma reação de resistência ao choque e à profunda dor. A pessoa se sente atordoada ou emocionalmente adormecida, o discurso baseia-se em “não, eu não merecia isso”, “porque isto aconteceu?” ou “porque eu não evitei?” “Isto não pode estar acontecendo”. É o início do luto, apego ao que se perdeu e uma tentativa de manter consigo, algumas vezes chega até ver ou ouvir a pessoa perdida. Aqui muitas coisas perdem o sentido, e até as tarefas mais simples são difíceis demais de serem realizadas. É a fase de maior sofrimento.

2. Raiva - acontece a reação, normalmente de revolta: “Como pode Deus (ou a vida, ou o destino) fazer isto comigo?”. Acontece um período de grande agitação e ansiedade pelo que foi perdido. Quem sofre não consegue relaxar ou concentrar-se e o sono é alterado, com possíveis noites insones e o corpo está de prontidão para se defender de qualquer outra possível decepção. Nesse estágio, a raiva pode se voltar tanto para uma entidade superior como também contra qualquer pessoa pelo ocorrido, incluindo a si mesma, médicos e enfermeiros, amigos e familiares que não foram úteis, ou mesmo contra a pessoa(coisa) que perdeu.

3. Barganha – começa uma tentativa desesperada de negociação com a emoção ou com quem acha ser o culpado: “prometo ser uma pessoa melhor se ele voltar”, “subirei as escadas da igreja de joelho”, “preciso de mais tempo para mudar”, “em outro hospital terei novo diagnóstico”.

Outro sentimento comum é a culpa: pensar em tudo que não foi feito ou dito e que poderia evitar. Simplesmente quem sofre não aceita que a perda está acima de qualquer controle. A culpa pode surgir inclusive, depois de sentir alívio pela morte de alguém que sabia sofrer, porque esse é o sentimento que serve como “culpado” nessa fase.

4. Depressão - “Não consigo passar por isto”, “minha família não merece sofrer assim”. O foco principal são as datas comemorativas (aniversário, ano novo etc.), povoadas de fortes lembranças provocando crises de choro, momentos depressivos, e o estado de agitação referido na fase da raiva e barganha é geralmente seguido de períodos de grande tristeza, isolamento e silêncio. Esta mudança súbita de emoções costuma preocupar as pessoas próximas, mas é um estágio essencial para a resolução do luto, pois o enlutado faz uma análise mais franca em tudo que aconteceu e escolhe enfrentar o fato para recomeçar a sua vida.

5. Aceitação - “Ok, não terei de volta, não há sentido em continuar nessa luta”. Com o tempo, as fases são ultrapassadas gradativamente. A depressão chega ao fim e a mente busca novos assuntos. O sentimento de perda nunca desaparecerá por completo, mas sim administrado de forma que seja possível continuar, seguir em frente. A saudade é mais bem administrada, e o sobrevivente sabe que não terá o passado de volta, cabendo-lhe apenas retomar sua vida.

Entenda que chegar nesse estágio não implica em “esquecer”, mas sim administrar a perda, lembrar com carinho sem o peso da dor. Aceitar o processo não impedirá novas dores, mas apto a decidir qual será sua reação, controlando os impulsos, capaz de direcionar o pensamento para o futuro em vez do passado, ajustando-se à realidade da perda e pronto para desenvolver novos relacionamentos, mantendo uma atitude positiva perante a nova vida.

domingo, 8 de agosto de 2010

Tempo de amor

Ah, bem melhor seria
Poder viver em paz
Sem ter que sofrer
Sem ter que chorar
Sem ter que querer
Sem ter que se dar

Mas tem que sofrer
Mas tem que chorar
Mas tem que querer
Pra poder amar

Ah, mundo enganador
Paz não quer mais dizer amor

Ah, não existe coisa mais triste que ter paz
E se arrepender, e se conformar
E se proteger de um amor a mais

O tempo de amor
É tempo de dor
O tempo de paz
Não faz nem desfaz

Ah, que não seja meu
O mundo onde o amor morreu


Composição: Vinicius de Moraes / Baden Powell